sábado, 15 de outubro de 2011

Sitio paleontológico é descoberto em Baixa Grande

Por iniciativa do vereador Rômulo Fontoura de Baixa Grande e o dono da propriedade em Lagoa do Rumo “ Seu João “, estudos se aprofunda e indica a criação de um museu em Baixa Grande, o turismo poderá chegar a 30 mil visitantes por ano a partir de 2014.
Utilização de retroescavadeira para a remoção da camada de lama que cobre o nível fossilífero.
Retirando um bloco de rocha contendo uma defesa de Stegomastodon waringi. Um árduo e sistemático trabalho que levou 3 dias para ser concluído com sucesso.

Leia entrevista abaixo do pesquisando Ricardo sobre os achados:
Ricardo, qual a importância dos achados para Baixa Grande e para a paleontologia ?
A importância, como todos os achados paleontológicos, é enorme. O depósito fossilífero da Lagoa do Rumo tem sido sistematicamente escavado desde fevereiro de 2008, revelando fósseis de mamíferos extintos há aproximadamente 10.000 anos. Os registros destes fósseis são comuns no Nordeste brasileiro, principalmente nos tanques do Planalto da Borborema localizados nos estados de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Na Bahia, suas ocorrências ocorrem predominantemente nas cavernas da Chapada Diamantina, sendo poucos os registros em tanques baianos.
É possível haver geração de renda e turismo por conta deste achados?
Sim, é possível. Para tal faz-se necessário a criação de um Museu de Paleontologia, como ocorre em diversas cidades de pequeno e médio porte por todo o Brasil (ex: Santana do Cariri (PE), Peirópolis (MG), Souza (PB), Maravilha (SE), entre outros). A partir da criação do museu de Paleontologia parte deste material poderá ficar no Município de Baixa Grande, promovendo desta forma uma exposição permanente representando os achados do município. Porém não basta somente criar o Museu, mas também divulgá-lo. Desta forma moradores de cidades vizinhas, viajantes a caminho da Chapada Diamantina, entre outros, poderão visitar o município e aquecer a economia local.
Quantos tipo de animais foram encontrados e qual a datação dos mesmo?
Foram encontrados os seguintes animais: Eremotherium laurillardi, a maior das preguiças gigantes; Panochthus greslebini, um “tatu” gigante; Stegomastodo waringi, o extinto elefante sulamericano; um Toxodontinae, animal herbívoro de grande porte, semelhante ao hipopótamo. Nos dois últimos anos novas descobertas foram feitas: a presença de uma outra espécie de preguiça terrícola, Catonyx cuvieri; a presença de um Tayassu sp. (porco do mato, animal ainda vivente); além de mais duas espécies de tatus gigantes, representados por fragmentos de suas carapaças: Pampatherium humbolditi e Glyptodon clavipes. As datações realizadas em fósseis do depósito apontaram uma acentuada mistura temporal na assembléia fossilífera. Um artigo científico acaba de ser submetido a uma revista internacional (Quaternary International), em parceria com os pesquisadores Oswaldo Baffa, Angela Kinoshita, Ana Maria Graciano Ribeiro e Ismar de Souza Carvalho relatando a datação por Ressonância Magnética Eletrônica realizada em dentes de Stegomastodon waringi (AMEPR1)e de Toxodontinae (AMEPR2 e AMEPR3) obteve os seguintes resultados: 50.000 ± 10.000 anos antes do presente para o Stegomastodon, 43.000 ± 8.000 anos para o primeiro Toxodontinae, e 9.000 ± 2.000 anos para o segundo Toxodontinae. Este trabalho já foi apresentado em congressos na Polônia e na Argentina.