Professora, está idêntico ao seu trabalho!”, disse uma aluna de Jaciete Barbosa dos Santos, depois que a docente da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) aconselhou os discípulos da pós-graduação a pesquisarem sobre educação para alunos com necessidades especiais. Ela havia lido seu próprio artigo com os alunos na aula anterior.
“Não é possível, de repente eles usaram as mesmas referências que eu”, respondeu a incrédula professora, considerando a hipótese de ser tudo um mal-entendido, afinal estavam tratando de uma publicação de ninguém menos que o Ministério da Educação (MEC). “Para mim, o MEC estava acima de qualquer suspeita, até então era uma instituição absolutamente confiável”, diz Jaciete.
Foi a partir daquele dia de novembro de 2006 que iniciou-se a longa batalha da baiana do município de Santa Bárbara que culminaria na sentença que condena a União e um dos professores que participaram da elaboração do material a pagar uma indenização de R$ 62.100 a Jaciete, pelo plágio de sua tese de mestrado, publicada num livro especializado, em agosto de 2002. Pelo documento, o MEC fica condenado a pagar R$ 41.400, e o professor Adílson Florentino da Silva, a cifra de R$ 20.700.
Ainda sem acreditar no que dizia a aluna, a professora pegou a publicação para ler e não teve dúvida: provavelmente, graças ao advento do Google, o resultado de dois anos e meio de pesquisa foi parar no livreto distribuído pelo MEC a professores da rede pública, com pequenas mudanças e enxertos, e sem nenhuma referência a ela nem aos autores que citava no texto original. “Roubar o trabalho intelectual de alguém é tão grave quanto chegar no mercado e roubar algo”, compara.