segunda-feira, 4 de abril de 2011

Lixão de Capim Grosso, uma ferida aberta no meio da natureza

Quando o Ministério Público de Capim Grosso, na pessoa de Dr. Alexandre Lins, um dos promotores mais atuantes da história do Ministério Público do município, determinou através de um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta – para reaver os problemas do lixão, uma das clausulas orientava a administração municipal a não atear fogo na citada área. O Tac foi assinado pelo ex-prefeito Itamar Rios em meio a vários encontros para debater a questão do lixão. Rotary Clube se fez presente, Padre Xavier, vereadores, alunos da UEFS (Universidade de Feira de Santana) foram convidados e estiveram no município para desenvolver um projeto de reciclagem do lixo.
Foi trabalhado no mesmo período a criação de uma cooperativa para os catadores, construção do aterro sanitário entre outros assuntos. Fazia parte das discussões realizadas na Câmara de Vereadores, na Igreja Católica do bairro Água Nova, o problema enfrentado pelo Senhor Benjamin que era dono de uma casa de farinha na Mata do estado, que chegava a produzir 1.500 sacos da farinha por ano, mas devido aos problemas causados pelo lixão, a casa de farinha foi fechada.
Além da casa de farinha, seu Benjamin perdeu algumas cabeças de gado, que comiam sacolas plásticas e acabavam tendo problemas digestivos e faleciam.
Lamentavelmente eu que acompanhei, como repórter da Contorno FM, todo processo, não ouço mais nem mesmo comentários sobre toda essa discussão. O assunto pelo que parece foi parar na lata do lixo. Ninguém mais trauxe nenhum tipo de informação sobre todas as discussões enumeradas, dos prejuízos sofridos por seu Benjamin, que tem direito a uma indenização pelos prejuízos, afinal de contas o lixão foi criado pela prefeitura, por sinal em um local inadequado, ao lado da BR 324, uma das mais importantes do estado da Bahia. Nessa rodovia o registro todos os dias de uma grande quantidade de veículos de várias partes do país, pessoas que sem dúvida ao contemplar o lixão levam uma péssima imagem da cidade.
Com a instituição do TAC, o problema do lixão avançou em alguns pontos: a prefeitura passou a transportar o lixo com mais cuidado, utilizando lonas para cobrir os caminhões, valas foram abertas como parte de um acordo do TAC para a criação do aterro sanitário. Com o trabalho realizado foi diminuindo a quantidade de insetos, mau cheiro e outros transtornos ambientais.
Lamentavelmente na tarde desse domingo (03), registramos um problema que desobedece a uma determinação do TAC. Quem ateou fogo no lixão, conforme imagem, não tem conhecimento do documento que foi lavrado pelo MP, atitude essa que fere o meio ambiente e pode causar sérios problemas de saúde para quem mora na região.
Que a administração municipal possa ler o TAC, que ainda continua valendo, e assim poder impedir tais atitudes. Verificar também a possibilidade de ressarcir os prejuízos sofridos pelo senhor Benjamin, um homem simples da zona rural do município, mas que através da sua casa de farinha, da sua plantação, da sua labuta, contribuiu e muito para o desenvolvimento de Capim Grosso.
O lixão de Capim Grosso é uma ferida aberta no meio da natureza, precisa de mais cuidados, de mais atenção, precisa de uma cura, de uma nova imagem, de um novo conceito.